segunda-feira, 3 de julho de 2017

Maternidade e suas cenas

Porque é que nas entrevistas que as famosas/figuras públicas dão, nunca se fala do lado menos bom da maternidade? Porque é que é tudo embelezado de forma a parecer maravilhoso e, diria, surreal? É que a minha realidade não é, de todo, essa.
Já para não falar de terem sempre a casa num brinco (as fotos que partilham nas redes sociais são assustadoras, parece que não vive ninguém naquelas casas ou têm uma empregada interna ou passam a vida a limpar e a arrumar.) HELP!!!!!

Sou uma Mãe à beira de um ataque de nervos. Ando cansada, sem paciência e capaz de emigrar durante três meses para um sítio paradisíaco longe de tudo e de todos.

Há uns dias fiz um post no facebook que diz muito desta fase que estamos a passar com um Baby de 20 meses e dois cães que largam pêlo comó raio:

"
Tropeçar numa bola, dar um pontapé num carrinho de ferro, pisar um lego e escorregar numa poça de água entornada. Ah, a maternidade!!! O melhor do Mundo ❤️
#quisestepinaragoraaguenta #quemnunca"

É muito isto. Quando leio entrevistas de Mães conhecidas fico deprimida porque tudo parece altamente. Ter filhos é o melhor do Mundo (que é!) e não dão trabalho nenhum. Been there, done that. A Nô foi sempre uma miúda tranquila, dormia bem, comia bem, não fazia birras e sabia ouvir um "não". Agora tenho um pequenino Diabo da Tasmânia (Taz) a viver connosco. Faz birras, não sabe ouvir um não, grita e quando ralhamos com ele grita ainda mais, não pára quieto, não quer comer quase nada, recusa-se a dormir a sesta e só sabe brincar a atirar brinquedos. Para compensar é super meiguinho e divertido, pronto, quase que esquecemos o resto. QUASE!




Que me lembre, dei uma vez uma palmada à Nô, uma, porque ela se recusava a tomar os medicamentos e nem me deixava pôr-lhe um supositório (isto com 40 graus de febre). Até hoje, e ela vai fazer 11 anos, nunca mais foi preciso e só eu sei o que me custou fazer aquilo. Tinha 3 anos. Agora este Coisinho, leva umas palmadinhas nas mãos quando faz asneiras e ri-se, se for preciso faz pior a seguir e remata com um gritinho histérico. 

Para ajudar à festa, parece que a pilha de roupa em cima da tábua de passar a ferro comeu fermento ao pequeno-almoço: aquilo cresce que é uma maravilha! E o pequeno Taz (abreviatura de Monstro da Tasmânia) suja as suas vestimentas a uma velocidade parva. Ainda não lhe vesti uma t-shirt e ela já tá cheia de cuspo e nódoas de comida. 

A minha sala parece uma creche depois de ter passado por lá um tsunami, aliás, eu já não tenho uma sala, tenho um quarto comunitário do Salvador. Talvez seja esse o problema: ele ainda não tem quarto e vinga-se em nós, Pais desnaturados que o deixam livre e solto sem rumo numa casa que é um Mundo cheio de recantos e coisas por descobrir. É isso, a culpa é nossa.


Arrojinha*