segunda-feira, 25 de setembro de 2017

PÉROLA MINI-ARROJADA


Leonor (11 anos e 1 mês)

Este fim-de-semana tivemos a festa de aniversário da madrinha da Nô. Uma festa de adultos mas com as respectivas crianças, claro. A festa decorreu num espaço alugado para o efeito, fechado mas com muito espaço e a Nô lá andou, a tarde toda, de um lado para o outro com um grupo de amigos e sempre com os telemóveis e câmaras a filmar sei lá o quê. Vlogs, dizem! Iam e vinham, iam e vinham, iam e vinham. Não pararam quietos.
Já no regresso a casa perguntei-lhe:


- Então amor, brincaram muito?

- BRINCÁMOS???
- responde ela muito ofendida. - Nós já não brincamos. Conversamos.

(Ah... tá.)

Confesso que fiquei a pensar em como o tempo passa. Quando é que ela deixou de brincar?? Ainda ontem usava fraldas, chucha e adormecia nas minhas maminhas... agora de repente já não brinca, conversa e tem um canal de youtube. Hello?? Vou ali lamuriar-me só mais um bocadinho e já volto.


Arrojinha*

terça-feira, 19 de setembro de 2017

Mãe, tu dás sempre beijinhos ao mano....

Estava a pôr o Salvador no carrinho de passeio e fiz aquilo que faço sempre, automaticamente e sem pensar.
Fui alertada pela Nô: 

- Mãe, tu dás sempre um beijinho ao mano antes de o pores no carrinho...

E não disse isto com ar de ciúme ou crítica, disse isto com um ar embevecido, ternurento. Respondi-lhe:

- Sim e fazia o mesmo contigo, tal e qual.
- A sério??
- Sim, a sério. Sempre.

E dei por mim a analisar estes últimos anos da minha vida, 11 para ser mais precisa. Há coisas que fazemos e nas quais, talvez por serem tão naturais e, ao mesmo tempo mecânicas, deixamos de reparar mas que têm uma importância gigante. Criam memórias, aquecem o coração e fortalecem-nos. Quantos de nós não se lembram daquele puxar de lençóis que nos aconchega antes de adormecermos? Aquela festinha no cabelo quando precisamos de mimo? Aquele abracinho só porque sim? Não precisa de haver uma razão, basta haver amor.

Dei por mim a contar as vezes em que adormeci a Nô nestes 11 anos, as vezes em que lhe dei um beijinho enquanto a sentava no carrinho de passeio ou na cadeirinha do automóvel, as vezes em que lhe passei a mão pelo cabelo só porque a amo com todas as minhas forças, as vezes em que a abracei com medo de que crescesse... e agora faço igual ao mano, mesmo sem reparar nisso. Faz parte de mim, tal como eles fazem.

"A sério??"
"Sim, a sério.Sempre."


Arrojinha*